A variante mais contagiosa é indicada como principal causa da alta transmissibilidade e manutenção de casos do coronavírus no Estado.
Santa Catarina continua com 13 regiões avaliadas com risco alto para Covid-19, segundo o boletim da SES (Secretaria de Estado da Saúde) publicado no último sábado (19).
A elevação da transmissão da doença por conta da variante Ômicron e a circulação de pessoas durante o verão influenciam o cenário, segundo o secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro.
Essas variáveis contribuíram para que o amarelo, cor que representa o nível de alto na matriz, seja predominante no mapa da SES desde 15 de janeiro. Atualmente apenas quatro regiões estão em azul e são classificadas com risco baixo para a doença.
A transmissibilidade, que indica o risco de contágio pela Covid-19, ainda está elevada no Estado e influencia a avaliação da matriz de risco. Sete regionais estão classificadas no nível gravíssimo para o índice e seis no nível grave.
Para o secretário de Estado da Saúde, a circulação de pessoas, catarinenses e turistas, durante o verão pode estar influenciando o contágio pelo coronavírus.
“Santa Catarina é muito procurada, as pessoas vão para a praia e fazem deslocamentos sociais. Isso facilita a manutenção de índices elevados de contaminação”, explicou Motta Ribeiro.
Entretanto, o número de casos ativos está em queda em Santa Catarina, e é um dos índices considerados para calcular a transmissibilidade. Segundo o boletim diário da SES, cerca de 27 mil casos são considerados ativos e podem transmitir a doença nesta terça-feira (22). Há um mês atrás, Santa Catarina possuía mais de 70 mil casos ativos.
“Esse índice já esteve mais alto, algumas regiões são mais acometidas que outras, mas nós percebemos que claramente que estamos em uma descendente”, analisa o secretário.
Influência da Ômicron
A alta de casos confirmados é potencializada pela variante Ômicron, concorda o imunologista Julival Ribeiro, membro da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia). Ele avalia que ela seja a linhagem predominante em Santa Catarina e no Brasil neste momento.
Trata-se da variante com maior potencial de transmissibilidade desde o começo da pandemia. “A velocidade de transmissão e capacidade de infectar as pessoas é o que mais influencia a matriz e o que a gente percebe no mundo real”, garante Motta Ribeiro.
Segundo o último Boletim de Vigilância Genômica do SARS CoV-2, do Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública), a Ômicron substituiu gradativamente a variante Delta e suas sublinhagens no Estado a partir da terceira semana de dezembro.
“Ela é mais transmissível porque ocorreram mutações em uma proteína do vírus. Ela adere aos receptores, às células humanas, com mais facilidade. Entretanto, afeta menos os pulmões e dá aqueles sintomas que estamos presenciando agora: dor de garganta, dor de cabeça e tosse seca”, explica o médico.
Hospitalizações por coronavírus
Mesmo com alto número de casos, a transmissibilidade não está refletindo nas internações hospitalares neste momento, segundo Motta Ribeiro.
Nesta terça-feira (22), apenas 30% dos leitos adultos ocupados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) são de pacientes com confirmação ou suspeita de Covid-19. Incluindo outras enfermidades, a ocupação de leitos em Santa Catarina está em 79,4%.
“Nós temos muito menos impacto no sistema de saúde hoje do que um mês atrás. Se isso é uma tendência ou não, só o tempo vai dizer, até porque ainda temos o Carnaval”, ponderou o secretário.
Para o infectologista da SBI, a avaliação de hospitalizações um dos melhores indicadores sobre a pandemia e a disseminação do vírus. “Se eu tenho um maior número de hospitalizações em qualquer cidade, em qualquer Estado, significa que a transmissibilidade está muito alta, mas também que o vírus está causando casos graves”, justifica.
O infectologista e o secretário da Saúde observam que a maioria das internações por Covid-19 são de pessoas que não receberam três doses da vacina contra o coronavírus e ainda precisam completar o esquema vacinal.
Pessoas do grupo de risco, como idosos, imunossuprimidos, transplantados, pessoas em tratamento de quimioterapia e crianças também fazem parte do grupo que tem maior tendência a necessitar hospitalizações.
De acordo com a SES, nesta terça-feira (22), os três leitos de UTI disponíveis no HIJG (Hospital Infantil Joana de Gusmão) estão ocupados. Nos primeiros 15 dias de fevereiro, a internação de crianças em UTIs pediátricas para tratamento de Covid-19 aumentou 400%.
“Isso é preocupante. Em número absoluto são números pequenos, mas qualquer caso para nós impacta. Entretanto, em percentual é um percentual bem elevado”, reforça Motta Ribeiro.
Vacinação é prioridade
Todos os catarinenses com mais de cinco anos têm imunizantes contra o coronavírus à disposição, assegura o secretário de Estado da Saúde. Para ele, apenas com vacinação será possível vencer a pandemia.
Santa Catarina já imunizou mais de 76% da população geral com as duas primeiras doses da vacina contra a Covid-19. Entretanto, apenas 29% das pessoas maiores de 18 anos já completaram o esquema vacinal com a aplicação de reforço, segundo dados do Vacinômetro.
Pesquisas feitas pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos indicam que doses de reforço da vacina oferecem uma melhor proteção contra as variantes Delta e Ômicron do coronavírus.
“O mérito da vacina é que pessoas vacinadas têm menos probabilidade de ir para o hospital e desenvolver um quadro grave da doença. Nenhum imunizante é 100% eficaz, a pessoa pode pegar a Covid, mas terá menos chance de ser internada e de morrer”, justifica o médico da SBI.
Fonte: ND Mais/Texto: Mariana uello