Professora de SC é afastada após post que alega ser uma sátira

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A professora da rede municipal de ensino foi afastada do cargo por 60 dias. A prefeitura abriu uma sindicância para apurar a conduta da profissional em sala de aula após denuncias de pais de alunos.

Uma professora de uma creche da rede municipal de ensino de Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, foi afastada das atividades após fazer uma publicação em seu perfil no Instagram. Mailan Suelen Câmara, de 32 anos, fez um stories onde teria ironizado as críticas históricas feitas por simpatizantes de direita à docentes de esquerda quanto as supostas doutrinações de alunos em escolas sobre o conceito de “família tradicional”.

Em uma selfie onde aparece fazendo o gesto de “L” — simbolo usado pelo candidato Lula (PT) e seus simpatizantes, a professora escreveu: “Bom dia, caros eleitores! Nunca foi tão propício para ser professora de esquerda que doutrina criancinhas, desviando elas da família tradicional brasileira!”. A publicação foi realizada no dia 2 de outubro, data do primeiro turno das eleições 2022.

Já nesta quarta-feira (12), o prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, disse na internet que recebeu a denúncia de pais dos alunos da creche. “Estou perplexo com o que recebi de um grupo de pais que tem seus filhos em uma determinada escola municipal de Chapecó”.  O gestor determinou o afastamento da professora do cargo por 60 dias e abriu um procedimento istrativo para investigar a conduta da profissional em sala de aula.

“Não é possível que alguém seja tão despreparado para estar em sala de aula usando expressão desta natureza”, salientou Rodrigues.  “Tenho um respeito grande por todos os professores, independente da sua ideologia. Professor vai para a sala de aula para transmitir seus conhecimentos e lecionar a sua matéria para qual foi formada. A educação é o pai e a mãe que dá. Você não está lá para doutrinar”, finalizou.

O que diz a professora?

Mailan afirma que a publicação foi tirada de contexto e que seu objetivo era realizar uma sátira — técnica literária que ironiza um determinado tema — quanto às falas de simpatizantes de direita que acusam professores de realizarem doutrinação de alunos em escolas.

Imagem ilustrativa – Foto: Pixabay/Pexels/Divulgação/ND

“Foi uma sátira sobre o posicionamento de políticos e outras pessoas da direita que falam que os professores de esquerda vão para a sala de aula doutrinar as crianças, tirar elas dos costumes da família tradicional brasileira. Fiz essa postagem totalmente irônica, quem olha meu story vai conseguir entender que é uma ironia que vai ao encontro do nosso cenário político do país”. E continua: “Vejo isso como uma represália ao meu posicionamento político”.

Mensagens de ódio

No Facebook, a denúncia conta com mais de meio milhão de visualizações e 12 mil comentários. Já no Instagram são mais de 14 mil curtidas. Segundo a professora, toda essa repercussão teve um impacto gigantesco na vida dela.

“As minhas redes sociais choveram de mensagens de ódio, recebi muita intimidação. Estou com medo da minha integridade física e a do meu filho pequeno”. O menino parou de ir à aula por medo. “Não me sinto segura de levar ele para a escola de novo, está sendo difícil, mas não vou me calar”.

A professora garante que manteve sempre  seu profissionalismo em sala de aula. “Eles não vão encontrar nada, porque trabalho nos padrões pedagógicos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e da Base Nacional Comum Curricular, leis que regem a nossa educação e nós precisamos seguir. Meu trabalho na escola é idôneo”.

“O que posso garantir é que nas escolas não tem doutrinação. O que tem é carinho, dedicação e o máximo de responsabilidade para que o meu trabalho seja bem feito”.

A Prefeitura de Chapecó informou que a professora tem contrato de ACT (issão de Professores em Caráter Temporário). Ela continuará recebendo salário durante o período de afastamento.

Fonte: ND Mais