Novembro Azul é convite para cuidado à saúde masculina

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Mês é dedicado à promoção de ações visando a prevenção do câncer de próstata e outras doenças típicas dos homens.

Novembro Azul chegou, e junto com ele, uma propaganda polêmica que mostra o ator Antônio Fagundes – ícone da masculinidade brasileira nas telinhas – buscando desmistificar o também polêmico exame de toque retal, que é uma das formas do médico especialista tentar diagnosticar precocemente o câncer de próstata. O vídeo, que viralizou nas redes sociais a partir do dia 06, quando foi lançado no site do Porta dos Fundos , mostra o ator numa linguagem popular, destituída de qualquer delicadeza e requinte, convidando homens a deixar o preconceito de lado e fazer o tradicional exame, que é realizado tanto no SUS – Sistema Único de Saúde, quanto nas clínicas particulares.

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O material, intitulado “Novembro Azul Sincero” tem duração de 4’22” e pode ser encontrado no endereço https://youtu.be/qg-uWPYhYn4 causou polêmicas, trouxe questionamentos, chocou, mas vem cumprindo seu papel: nunca se falou tanto sobre a campanha Novembro Azul e a necessidade do diagnóstico precoce do câncer de próstata, foco principal da campanha mundial pela saúde do homem.

APELATIVO – “Dei risada aqui, mas eu acho que não precisa, dá pra fazer mais leve, em tom de brincadeira, mas sem ser muito apelativo. Acho que dá pra encontrar um meio-termo”, opina o médico gastroenterologista e diretor da Ostermann Medical Center, Dr. Rafael Ostermann (CRM 15.468) que diz que, apesar de sua opinião, é muito importante que as pessoas falem cada vez mais deste e de outros exames, no intuito de diagnosticar precocemente o câncer de próstata e outras doenças típicas dos homens.

“Essas campanhas que falam desta forma são dispensáveis, não é bem por aí. Até porque precisa ser bem separado o que é uma campanha de prevenção ou diagnóstico precoce. Outra coisa é ter campanhas em nível SUS de saúde pública, outra é convênios e particulares. Na verdade, essa questão do PSA, mais a questão do toque retal versus Ressonância Magnética, existe uma discussão entre a comunidade europeia, a comunidade americana, e hoje nem se fala mais nem tanto PSA nem toque retal, mas sim ressonância magnética da próstata, que apesar de ser um exame mais caro, é mais efetivo no diagnóstico”, explica o médico oncologista e cancerologista cirúrgico, Dr Fernando César Toniazzi Lissa, especialista que atende na clínica Ostermann Medical Center, em Araranguá.

RISCOS – Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a idade é o principal fator de risco para o câncer de próstata, aumentando significativamente a partir dos 50 anos. Outro fator é o excesso de gordura corporal (Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva), trabalho noturno e exposição a metais, radiações e agentes cancerígenos utilizados durante a produção de borracha. Já a hereditariedade é um fator de risco mais importante do que em outros tipos de câncer, segundo a American Cancer Society. Apesar da evolução da medicina, do advento de campanhas, do rastreamento em massa e de novas formas de exames mais efetivos, o câncer de próstata, desconsiderando os tumores de pele não melanoma, ocupa a segunda posição entre os tipos mais frequentes de câncer, e entre os homens, é o câncer de maior incidência no Brasil, com risco estimado de 77,89 casos a cada 100 mil homens na região Sudeste, 73,28 casos a cada 100 mil no Nordeste, 61,6 casos a cada 100 mil homens na região Centro-Oeste, 57,23 casos a cada 100 mil no Sul e 28,4 casos a cada 100 mil homens na região Norte do país. 75% dos casos novos no Planeta ocorrem a partir dos 65 anos, sendo considerada uma doença da terceira idade. No mundo, o câncer de próstata é o quarto tipo mais frequente entre o total de casos de câncer (7,3%). Em 2020, foram 1,4 milhões de novos casos, equivalente a 15,2% de todos os tipos de câncer entre pessoas do gênero masculino – um risco estimado de 31,5 casos a cada 100 mil homens, sendo as maiores taxas encontradas no Norte da Europa, Europa Ocidental, Caribe e Oceania. O Brasil somou, em 2020, 15.841 óbitos por câncer de próstata, o que equivale a 15,30 mortes a cada 100 mil homens brasileiros.

EXAMES – Segundo Dr. Fernando, o rastreamento de câncer, que consiste em método barato, eficaz e que atinge toda a população, como acontece na saúde pública, é efetivo, ou seja, reduz a mortalidade. Além de serem baratos, se o rastreamento for bem feito, é possível não só fazer o diagnóstico precoce como fazer a prevenção, ou seja, tratar antes que se transforme num câncer: “No câncer de próstata, temos o PSA (exame de sangue) e o toque retal, os dois associados ou não, e a ressonância magnética. O toque retal e o PSA são baratos e íveis a todos, porém, dois estudos foram conflitantes: um estudo europeu, que não mostrou redução da mortalidade, e um estudo americano, que que apontou redução de 20% na mortalidade, sem que essa redução se sustentasse”, explica o cancerologista, que diz que hoje em dia, o PSA e não é mais tão explorado, mas em termos populacionais, por ser barato, ainda é o mais realizado, por ser oferecido pelo serviço básico de saúde. Nesse critério é fazer os exames a partir dos 50 anos, anualmente, ou ano sim, ano não. Segundo o médico, a ressonância magnética é o exame mais efetivo a fazer, mas em face do custo, acaba atingindo um menor número de homens.

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TRATAMENTO – A questão do tratamento do câncer de próstata é muito variável dependendo da idade do paciente, a expectativa de vida, o estádio da doença, a presença ou não de metástases: “Existem alguns critérios para você utilizar; apenas segmento ativo com PSA,. cirurgia radical da próstata, radioterapia local; em caso de metástases, uso de bloqueadores hormonais ou quimioterapia, então isso depende muito de vários critérios para se definir um tratamento adequado a cada paciente”, destaca.

“O importante é estar em boas mãos, procurar sempre pelo menos duas opiniões diferentes, o paciente decidir junto qual terapia vai querer aplicar, decidindo em cima de riscos e benefícios, pois a decisão final é sempre do paciente, pois é ele quem vai ar por isso. Então, o paciente e a família têm de estar sempre bem orientados, com todas as opções de tratamento, para que eles possam escolher, porque todas elas têm efeitos colaterais e isso pode impactar significativamente na qualidade de vida”, finalizou.

Fonte: Assessoria de Comunicação