Mensagem amplamente divulgada pela internet pede boicote a 20 comércios de Canoinhas, no Planalto Norte.
Uma lista de supostos “comércios petistas” tem deixado comerciantes de Canoinhas, no Planalto Norte de Santa Catarina, apreensivos. Divulgada há cerca de uma semana, a mensagem pede o boicote aos estabelecimentos e leva prejuízo e medo a algumas famílias.
O marido de Aline* é dono de um dos comércios citados na lista. Ela conta que o esposo e o estabelecimento nunca publicaram qualquer mensagem alinhada a candidatos ou partidos. “Apenas eu fiz publicações, não a favor de candidatos, mas a favor dos meus ideais”, conta.
A família começou a sentir os transtornos logo depois que a lista foi divulgada, acompanhada de um vídeo que pedia o boicote aos comércios supostamente petistas. “Começaram trotes no número do comércio e o movimento caiu muito”, diz.
Além do prejuízo financeiro, ela teme a perseguição. “Temos dois filhos pequenos. O principal medo é sair na rua e ser perseguido por alguém que a gente nem conhece. É isso que deixa a gente mais nervoso. Parece uma caça às bruxas, a minha família está sofrendo”, desabafa.
Lista apresenta 20 comércios supostamente petistas
Outro comerciante prejudicado pela lista é Marcelo Maziero, que há 12 anos comanda o Kikão Lanches, tradicional comércio alimentício de Canoinhas, criado em 1976.
Ele conta ter sentido a queda no movimento nos primeiros dias após a divulgação da lista, embora não tenha sido muito afetado financeiramente. Além de ter o comércio boicotado, Marcelo relata ter sido vítima de xingamentos pessoais. “Tenho prints de pessoas me chamando por nomes de baixo calão”, diz.

O comerciante conta que, embora não seja filiado a partidos, apoia o candidato do PT. “Isso é perseguição política, são pessoas radicais”, fala.
Apesar disso, Marcelo diz que esse não é o pensamento de todos. “Muita gente está me dando apoio, dizendo que é bolsonarista, mas não vai deixar de frequentar”, conta.
Ele, inclusive, chegou a entrar em contato com muitos proprietários dos comércios citados na lista. “Houve alguns que falaram que são antipetistas, que são bolsonaristas”, fala. O grupo deve se reunir na semana que vem para avaliar as medidas cabíveis. Aline, por exemplo, já abriu um boletim de ocorrência.
Enquanto isso, o prejuízo e o medo seguem em alguns dos comércios. “É o sustento da nossa família, foi de uma maldade extrema. Estamos vivendo com medo de sair na rua e sermos achados por uma pessoa extremista”, lamenta Aline. Ela se preocupa, também, com os funcionários do comércio, já que a família emprega outras pessoas.
Fonte: ND Mais