Piloto teve poucos segundos para realizar manobras que garantissem segurança de ageiros e banhistas.
O local do pouso forçado do helicóptero que ocorreu nesta quarta-feira (19) na praia de Canasvieiras, em Florianópolis, foi estratégico, avalia o comandante da Guarda Municipal e piloto Valci Brasil. “Não foi sorte, foi técnica.”
Em poucos segundos, o condutor da aeronave da Icaraí Taxi Aéreo, empresa responsável pelo serviço, escolheu um lugar longe dos banhistas e de fácil resgate, analisa Brasil.
Por volta das 17h, o piloto, de 39 anos, e um casal, ambos com 55 anos – foram resgatadas pelos banhistas, que formaram uma corrente humana para protegê-los.
Segundo a empresa, o piloto relatou que ocorreu uma pane no motor. O caso assustou turistas e moderadores que estavam à beira-mar no Norte da Ilha e repercutiu nacionalmente.
“Quando o helicóptero fez o pouso forçado ele tombou de cabeça para baixo. Os banhistas foram para água para revirar a aeronave e eles quebraram a porta para poder retirar as três pessoas”, diz Brasil.

A execução do pouso chamou a atenção. “Assim que ele sentiu a pane teve pouquíssimos segundos para pensar no que fazer. Conseguiu executar uma manobra de alta rotação, que o helicóptero continua voando mesmo estando com o motor desligado, tamanha a destreza do piloto”, destaca.
Conforme sua análise, pelas imagens é possível ver que ele executou a outra manobra enquanto caía na água, chamada flare, na qual ele encosta o “cone” do helicóptero na água e depois a “barriga”, para conseguir diminuir a velocidade e realizar um pouso mais seguro.
“Ele pensou nisso tudo em poucas frações de segundo. Fica os meus parabéns ao comandante”, ressalta Brasil.
Todos os ocupantes do veículo sofreram ferimentos leves. A mulher teve um corte no rosto e na perna, o homem na perna. O casal é natural de Sapucaia do Sul (RS). O piloto, que se feriu na região do rosto e do estômago, não teve a naturalidade revelada.
Possíveis causas
Há vários tipos de pane que podem acontecer às aeronaves. Conforme o especialista, é importante destacar que na aviação existem três pontos fundamentais: o homem, o meio e a máquina. Ao analisar esses fatores, se chega à causa do problema.
Ele afirma que o piloto precisa estar extremamente focado no voo e garante que conhece o comandante da aeronave: “é altamente técnico, capacitado e experiente. Tem mais de 1.500 horas de voo, com certeza”, diz.
Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), a aeronave estava com manutenção e documentação regulares. Dessa forma, pode-se avaliar as condições meteorológicas.

“Ainda precisamos aguardar a investigação da aeronáutica. Mas no caso de ontem estava muito, muito quente. E quanto mais quente está o dia, menos densidade o ar tem, o que pode fazer com que a aeronave perca sustentação. Pode ser que tenha acontecido isso”, opina o piloto.
A Força Aérea Brasileira, por meio do Sipaer (Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), investigará as causas do acidente. O helicóptero foi retirado da praia pouco depois da meia-noite desta quinta-feira (20).
Fonte: ND Mais