Fenômeno raro, sprites vermelhos são filmados no céu de SC

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Registrado em Monte Castelo, os enormes jatos de luz podem alcançar até 90 km de altitude.

Uma estação de monitoramento de meteoros em Santa Catarina registrou no início deste mês um fenômeno difícil de ser fotografado, o chamado red sprite. São uma espécie de relâmpagos que ocorrem bem acima das nuvens de tempestade e têm coloração laranja avermelhada.

“Sprites são eventos luminosos transitórios de origem elétrica que ocorrem acima das nuvens de tempestade. São geradas por intensas descargas elétricas que partem dos topos das nuvens e se estendem até o limite superior da mesosfera (em torno de 95 km de altitude)”, explica o meteorologista de SC, Piter Scheuer.

O especialista explica que em certa altura, essa descarga gera um flash de plasma que, por alguns milissegundos, se torna iluminado assumindo formatos variados. “Alguns podem parecer colunas de luz, alguns se assemelham a pés de cenouras e outros, podem apresentar formato semelhante a fadas”, completa Scheuer. Alguns registros apontam que o fenômeno pode chegar cerca de 17 milissegundos.

O fenômeno foi observado no último dia 13 de janeiro na cidade de Monte Castelo, no Norte de Santa Catarina, e filmado pelo proprietário da estação, Jocimar Justino Souza. O espaço, que existe há cinco anos e conta com cinco câmeras apontadas para várias direções do céu, fica localizado no Centro do município.

“Tenho a estação voltada para registrar meteoros, mas tivemos vários dias chuvosos e hoje fui dar uma olhada no registro. Resolvi dar um play e guardei esse registro”, disse Jocimar que faz parte da Bramon (Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros) e afirma já ter feito ao menos três registros semelhantes na estação.

Ele comenta que os sprites são muito difíceis de se observar a olho nu, devido à sua duração muito curta, na ordem de uma fração de segundo. Por isso, também são muito difíceis de serem captados em imagens. No vídeo feito pela estação é possível observar a velocidade do fenômeno, quase imperceptível.

Para os registros, segundo Jocimar, são usadas câmeras e lentes especificas, configuradas para captar movimentos de alta sensibilidade. “A gente analisa essas imagens, caso algo interessante seja gravado, a gente guarda como arquivo”, completa.

No Brasil, o primeiro registro de um sprite ocorreu em 2002, por meio de um trabalho de pesquisa realizado em parceria entre a Universidade de Washington e o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Além das pesquisas realizadas no INPE e nas universidades brasileiras, desde 2014, com o surgimento da Bramon, os sprites são sistematicamente registrados em todo o Brasil.

Histórico

O astrônomo amador da Bramon, Lauriston Trindade, contou ao portal “O POVO” que quando grandes massas de tempestades se formam, é muito frequente o surgimento de descargas elétricas, conhecidas como relâmpagos. “Acontece que, desde os tempos antigos, algumas pessoas relataram que viam raios partindo do topo das nuvens indo em direção ao espaço. Durante muito tempo, essas pessoas foram incentivadas a acreditar que tinham se enganado. Mas mesmo assim, surgiam novos relatos”, pontuou Lauriston.

Em 1989, uma equipe de TV se preparava para transmitir o lançamento de um foguete nos Estados Unidos e acabou flagrando um intenso raio surgindo no topo de uma nuvem de tempestade. Foi o primeiro registro conhecido do que se chamou Sprites. O nome foi dado por cientistas por ser associado a algo “fantasmagórico”, já que quase ninguém o tinha visto ou registrado.

Para a população em geral, o fenômeno não apresenta risco. Porém, o astrônomo Lauriston Trindade afirma que, para a aviação, é necessário estar alerta às tempestades, desviando das nuvens carregadas e seguindo os procedimentos de voo seguro que já são exigidos aos pilotos.

O nome inglês “sprite” vem do acrônimo de Stratospheric/Mesospheric Perturbations Resulting from Intense Thunderstorm Electrification.

Fonte: ND Mais