Hoje é dia dos pais e o Portal Uaaau resolveu conversar com os homenageados do dia. Os representantes destes homens incríveis são o pai da Isabela, e o pai do Pedro e do Bruno. Ouvimos relatos de amores instantâneos e amores gestados, de homenagens a mães e pais, de gerações unidas por amor, de quem luta pelo futuro dos filhos de todos nós.
Ouvindo estes lindos relatos de paternidade ativa, de orgulho e de amor, a gente quase esquece da realidade de muitos filhos sem nem mesmo o nome do pai na certidão de nascimento.
Segundo levantamento da Central Nacional de Informações do Registro Civil (CRC), no ano ado, de um total de 1.280.514 bebês nascidos, 80.904 foram registradas nos cartórios brasileiros apenas com o nome das mães nas certidões de nascimento.
Além das crianças não reconhecidas pelos pais, existem os inúmeros casos daqueles
abandonados afetivamente, que sabem quem é seu pai, mas que crescem com o trauma de serem abandonados, criados por uma mãe sobrecarregada, que enfrenta uma longa jornada de dona de casa, trabalho fora e maternidade.
A gente espera que o amor e dedicação destes pais sirvam de exemplo para outros tantos. Que mais filhos tenham a oportunidade de dar um sincero abraço em seus pais e dizerem orgulhosos: Feliz dia dos pais!
Ronaldo e Isabela

Ronaldo Santos é pai da Isabela, de 4 anos, oito meses e alguns dias. Sim, matematicamente detalhado para dar o contraste com a emoção do relato dele para o Portal Uaaau. Isabela é o nome escolhido muito antes da menina nascer, até antes de conhecer a mãe dela. E saber que vai ser pai enquanto defende uma educação de qualidade para todos, durante um discurso, não é pra qualquer um. “Eu gestei minha filha e foi fora da barriga”, conta Ronaldo.
Tinha que ser menina e se chamar Isabela
“Quando decidimos ter um filho, falei pra Roberta que só tinha uma condição: Tinha que ser menina e se chamar Isabela. Minha esposa riu. Quando saiu o resultado do exame ela olhou pra mim com certo espanto. Era menina e o nome ela já sabia. O nome foi dado pela minha mãe que se chamava Maria Isabel e achava esse nome bonito. Minha mãe morreu muito jovem, 10 anos antes da Isabela nascer. Mas fiz questão de que esse desejo fosse cumprido.”
Ela foi planejada
“Acho lindo quando vejo um pai dizendo que assim que viu o bebê, surgiu o amor incondicional. Comigo não. Assim que vi a Isabela nascer, vi saindo do útero um pacotinho de responsabilidades, gastos e incertezas que eu não sabia se estava pronto para assumir. E ela foi planejada, uma gestação difícil, a ponto do primeiro dia dos pais, com ela ainda na barriga da mãe, ser dentro do hospital com minha esposa acometida de uma pneumonia.”

Não havia certeza do que eu faria dali em diante.
“Muita coisa estava acontecendo quando ela nasceu, o governo do Estado de Santa Catarina havia decidido retirar a disciplina informática de todas as escolas estaduais e vi meu emprego ser extinto. Não havia certeza do que eu faria dali em diante. Isso foi muito difícil. Aliás, fiquei sabendo da gravidez da Isabela, durante uma audiência com o então desembargador do MPSC, O Dr Davi Espírito Santo, que atuava na vara de Educação. No meio de um discurso inflamado, olhei de relance uma notificação do celular que dizia, estou grávida. Eu travei, fiquei pálido o Dr Davi me perguntou o que estava acontecendo e disse que fiquei sabendo que seria pai. Ele me disse que era motivo apenas para alegria, então perguntei como ele ficou ao saber do primeiro filho ao que mesmo me respondeu: Exatamente da mesma forma que você.”
Eu estava grávido. Com ela fora de mim
“Mas voltando a MINHA gestação, durante os primeiros dias eu não conseguia sequer acordar direito durante a noite, e todos os cuidados que eu dava a minha filha pareciam-me muito mecânicos. Hora da fralda, hora da mamadeira, hora do banho. Eram tarefas. Nem era bom nem era ruim, apenas tarefas. Parece horrível dizer isso e acho até difícil de escrever, mas não, eu não amava minha filha.
Mas não demorou muito pra que eu percebesse que aquele olhar tinha algo de diferente, que aquele peso nos meus braços, estranhamente aliviava o peso dos ombros. Eu estava grávido. Com ela fora de mim, mas eu estava começando minha gestação. Era muito intenso e muito real. E ela nasceu de mim, quando num dia, sem eu saber o motivo, com ela em meus braços, eu a acariciava e chorava copiosamente sem saber o motivo. Ela havia naquele momento nascido para mim, e eu nasci pra ela também. Nasceu Papai, que também teve uma gestação difícil. Daquele momento em diante não eram apenas tarefas, era cuidado, era divertido. Eu acordava primeiro se ela chorasse, meu hábito de sono mudou, minha concepção de mundo mudou. Cada abraço que dou na minha filha, sinto que casa célula do meu corpo cria braços e os esticam para também abraçar ela, é impossível transcrever esse sentimento. E amor virou outra coisa também. Tudo que eu havia sentido na vida, não se comparava mais aquele sentimento que me consome até hoje e tenho certeza que me acompanhará até a morte.”
É minha parceria diária.
Não sei como é a experiência de outros pais, mas essa experiência de gestar o amor por Isabela foi a coisa mais transformadora que já aconteceu na minha vida.
Hoje, Isabela tem 4 anos e 8 meses (sim eu sei os meses) e é minha parceria diária. A Pandemia nos aproximou num patamar ainda superior, ver ela acordar todos os dias e quando me ver o sorriso que ela abre ao me ver, com os olhos ainda incomodados pela claridade, é momento que me dá força pra aguentar tudo que estamos ando, e não importa o que eu esteja fazendo, nesse momento, paro e grito num falsete desafinado BOM DIA FLOR DO DIA! Abro os braços e acontece o melhor abraço do dia.”
Clóvis, Bruno e Pedro

O publicitário Clóvis Pereira é pai de dois. Bruno, de 28 anos e Pedro, de um ano. A diferença entre ser pai com tantos anos de diferença entre o nascimento de seus meninos, com realidades de vida tão distintas mantém uma coisa idêntica, que não leva em consideração a década nem a maturidade ou local de trabalho: o amor. Ah, o amor…
E na história desta família, o tempo é um grande personagem! Além dos 27 anos de vida que separam estes irmãos, são 90 anos de diferença entre o Pedro e seus avós paternos. O tempo de diferença entre o nascimento dos dois, une mais ainda a família, com a doce cobertura dos sorrisos e gracinhas do pequeno. Ah, o amor!

Dar o exemplo, manter a família.
“É incrível como ser pai em momentos tão diferentes em nossa vida nos trazem o amor em sua plenitude. Tenho dois filhos. O Bruno com 28 anos e Pedro com 1 ano e 3 meses. No primeiro foi uma novidade enorme em minha vida. Eu ainda com 25 anos, a descoberta da realidade em ser pai, ter de dar o exemplo, manter a família…
Já trabalhava na extinta Caixa Econômica Estadual e ava o dia no banco e somente a noite e nos fins de semana eu conseguia dar o meu tempo todo pra ele, mas sempre muito intenso. Eu sempre busquei ser meu melhor pra ele e não é diferente pro segundo filho neste sentido.”
Vejo o crescimento dia a dia
“Agora é diferente no nascimento deste segundo filho, já com mais maturidade, com mais conquistas já obtidas. O tempo que tenho é quase que integralmente dele. Vejo o crescimento dia a dia e participo mais na divisão junto da mãe.”

Estamos todos muito felizes
“Meus pais já estão com idade de 91 anos e o Pedro trouxe um up a eles, dando um sopro de vida. Consegui fazer meu filho Bruno ser padrinho do Pedro, nome em que homenageou meu pai. Era um sonho meu, homenagear meu pai ainda em vida, ter um filho com seu nome.
Nossa história é baseada no amor da família, no amor que nos une. O pequeno é xodó de toda a família, inclusive o irmão que é padrinho dele. Estamos todos muito felizes.”
Fonte: Potyra Pereira