Previsão para primavera indica pouca chuva para a região Oeste de SC e precipitação dentro da média história do Planalto ao Litoral.
Estiagem em uma região; chuva ligeiramente acima da média em outra região, temporais e até ondas de frio com chance de geada. Sim. Isto tudo está previsto na primavera de Santa Catarina, estação que começa às 16h21 desta quarta-feira, dia 22 de setembro.
De modo geral, setembro começa com chuva um pouco acima da média em boa parte do Centro-Leste catarinense, enquanto que na porção Oeste do Estado a tendência é que fique abaixo da média, analisou a meteorologista Francine Secco, da Defesa Civil de Santa Catarina. Portanto, no Oeste e Meio-Oeste persistem períodos de estiagem, isto pelo pouco volume e chuva mal distribuída.
Já no mês seguinte, em outubro, a lógica se inverte: enquanto nas regiões Oeste e Norte chove mais, no restante de SC ficará entre a média e até abaixo dela.
Em novembro, o volume de chuva será abaixo da média em todo Estado, assim como em dezembro. Isto porque a tendência é de que as frentes frias em de forma rápida sobre o Estado, provocando volumes abaixo da média prevista.
“Entre novembro, principalmente, na primeira semana de dezembro, pouca chuva em Santa Catarina, confirma o mestre em meteorologia Clóvis Correia, da Ciram/Epagri.
Também são esperados temporais típicos da estação, que podem provocar acumulados altos em curto espaço de tempo, como os que vem acontecendo nos últimos dias, complementou Francine Secco.
Em outubro, mês que registra os maiores volumes de chuva do trimestre, os totais variam entre 210 e 280mm no Oeste e Meio-Oeste e entre 140 e 180mm nas demais regiões. Em novembro, a chuva ocorre com totais de 130 a 180mm, em média.
Influência da La Niña
A primavera de 2021 será diretamente influenciada pelo fenômeno La Niña (irregularidade nas chuvas e menor temperatura), de acordo com os principais centros de monitoramento do clima global, que apontam que este evento estará completamente configurado na virada de setembro para outubro.
“Estamos esperando a ocorrência do La Niña durante a primavera, mas o fenômeno deverá ser de curta duração e não muito intenso”, informou a coordenadora de Meteorologia Aplicada, Desenvolvimento e Pesquisa do Inmet, Márcia dos Santos Seabra.
Temperatura deve ficar próxima da média climatológica no Litoral e acima da média do Extremo Oeste ao Meio-Oeste de SC durante o próximo trimestre.- Foto: Jean Balbinotti/Divulgação ND
Temperaturas
Em relação às temperaturas, a previsão é de que fiquem dentro da média histórica para a estação no mês de setembro para todo o Estado catarinense.
Já em outubro, a temperatura fica dentro até acima da média para todo Estado. No mês seguinte, fica dentro da média histórica. Em dezembro, começam os picos de aquecimento, embalando para o verão.
De maneira geral, em todo o período de primavera, no entanto, a tendência é de que a temperatura fique próxima da média climatológica no Litoral e acima da média do Extremo-Oeste ao Meio-Oeste de SC.
Em outubro, inclusive, podem ocorrer episódios de frio, com formação de geada e temperatura próxima de zero, principalmente no Planalto Sul.
Importante frisar que cada região região do Estado tem uma média histórica, por isso não é possível estabelecer uma média para Santa Catarina como um todo, explica Clóvis Correa, mestre em meteorologista da Ciram/Epagri.
Nos mapas abaixo é possível conferir a média história da temperatura por região em Santa Catarina nos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro.
No Norte do Estado, por exemplo, a média histórica da temperatura em setembro fica menor que 17 ºC e maior que 18ºC. Em dezembro, salta para mais de 23ºC, uma das regiões mais quentes do Estado.
“Haverá períodos com mais frio neste início de estação, e períodos quentes, especialmente em dezembro”, resume Clóvis Correa.
Setembro:
Outubro:
Novembro:

Dezembro:
Temporais
Um documento elaborado pelo Fórum Climático, um conjunto de meteorologistas de várias instituições, coordenado pela Epagri, alerta para temporais com granizo e ventania durante os meses de setembro, outubro e novembro.
“Por vezes, a chuva ocorre com totais mais significativos, em curto intervalo de tempo. Por isso, a recomendação é acompanhar a atualização dos avisos meteorológicos”, destaca o documento.
O Fórum Climático cita, ainda, formação de nevoeiros frequentes no trimestre, associados à nebulosidade baixa, com redução de visibilidade especialmente à noite, madrugada e amanhecer.
“A área costeira do Estado deve ser atingida por nevoeiro marítimos mais densos e persistentes”, acrescenta o documento.
Outro alerta do Fórum Climático é com relação aos ciclones extratropicais, que atuam no litoral da Argentina, Uruguai e Sul do Brasil no período da primavera. O fenômeno provoca ventos fortes e mar agitado, que muitas vezes resultam em ressaca, o que representa perigo às embarcações, principalmente as pequenas. Mais uma vez, é importante ficar atento aos avisos da Defesa Civil e outros órgãos ligados ao clima.
Lembrando que a primavera é uma estação de transição do inverno para o verão, por isso verificam-se características de ambas, ou seja, mudanças rápidas nas condições de tempo, maior frequência de nevoeiros e até registros de geadas em pontos mais altos do Estado, detalham os meteorologistas. Primavera, estação de transição do inverno para o verão – Foto: Carlos Júnior/Divulgação ND
No Brasil
No País, a tendência para o quarto trimestre do ano é que o volume de chuvas supere a média histórica em boa parte das regiões Centro-Oeste e Norte do País, mas fique abaixo da média na Região Sul e em partes de São Paulo e de Mato Grosso do Sul, principalmente durante os meses de outubro e novembro, período em que a irregularidade das chuvas tende a ser maior. As informações são da Meteorologia Aplicada, Desenvolvimento e Pesquisa do Inmet.
Já para a região Nordeste, a previsão para a primavera indica chuvas iguais ou superiores à média histórica, com exceção de algumas localidades do sudeste do Piauí e do norte da Bahia, onde a precipitação pode ser abaixo da médica histórica da estação.
Ainda de acordo com Márcia dos Santos Seabra, coordenadora do Inmet, em novembro a temperatura média deve ficar ligeiramente abaixo da média histórica em áreas da região Sudeste e do Leste da Bahia. Ainda assim, em grande parte do restante do país, a temperatura deve ficar dentro da faixa normal, principalmente na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).
O prognóstico, no entanto, depende da combinação de uma série de fatores capazes de influenciar o regime de chuvas, como as temperaturas na superfície do Oceano Atlântico, em particular na área oceânica próxima à costa do Uruguai e da região Sul do Brasil.
Embora seja um período de transição entre as estações seca e chuvosa no setor central brasileiro, uma menor precipitação pluviométrica vem sendo registrada ano após ano, já há muito tempo, conforme apontou a meteorologista.
“Desde 1961, durante a primavera, o volume de chuvas vem caindo em todo o Brasil. Essa tendência se acentuou a partir dos anos 2000, principalmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste”, acrescentou Márcia, destacando as consequências dessa situação para a Bacia do Rio Paraná, que abrange seis estados (Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e São Paulo), além do Distrito Federal, atende a cerca de 70 milhões de brasileiros e abastece a diversos grandes reservatórios d´água da região mais industrializada do país, incluindo Itaipu.
Fonte: ND Mais