Entenda como a fumaça das queimadas pode prejudicar SC

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Imagens de satélite mostram alteração no mapa no estado. Consequência é aumento da temperatura e menos chuva.

O céu de Santa Catarina tem amanhecido acinzentado por causa da fumaça causada pelas queimadas no Centro-Oeste, na região do Pantanal, e Norte do país. As chamas registradas também na Bolívia trazem mudança para a paisagem no estado e podem causar prejuízos, segundo o supervisor do Laboratório de Clima e Meteorologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Renato Ramos da Silva.

Imagens de satélite da Nasa coletadas na quarta-feira (25) mostram a alteração no mapa. A parte em branco são nuvens, explica o professor. No entanto, o recorte em cinza transparente revela a presença da fumaça em várias partes do estado (veja a imagem acima).

“Como o vento vem de Norte para o Sul, está trazendo essa fumaça aqui para o Sul e Santa Catarina”, disse.

O ar quente e seco sobre o estado avançou desde o começo da semana pela ação de ventos na baixa atmosfera, chamados também de ‘”jato de baixos níveis”.

Conforme o professor Silva, o percurso faz com que o resultado das queimadas das regiões acima seja empurrado para o estado catarinense.

A consequência é um aumento da temperatura. Além disso, o processo impede a formação de chuva.

“Essas partículas [de fumaça] absorvem a radiação do sol e por isso que elas se aquecem, e aí temos um tampão. Vários estudos mostram que, devido a esse tampão, temos menos possibilidade de nuvens e chuva”, explica.

Agosto é o mês que registra o maior número de queimadas no Amazonas em 2021 e a destruição do bioma também acaba prejudicando Santa Catarina.

O mesmo percurso feito pela fumaça da região ocorre pelos “rios voadores”. O fenômeno pega a umidade da bacia amazônica e traz para outras regiões do país, em especial para o Sul, possibilitando assim a precipitação. Com a devastação da região, no entanto, as mudanças no clima são cada vez mais presentes.

“Aqui em Santa Catarina, ao invés dos ‘rios voadores’, temos a corrente de fumaça, que é a outra parte que não gostaríamos”, afirmou o professor.

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Divulgado no início de agosto, o Relatório do Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês) ressalta o aumento no número de dias secos e na frequência das secas no Norte da Amazônia brasileira.

“Como os continentes ficam mais quentes, eles secam a superfície. Ficando mais seco, fica mais propício ao fogo. Temos períodos de estiagem mais prolongados. E tem um outro fator: quando chover, vai vir muito forte e muito rápido”, disse Silva.

Incêndios em Santa Catarina

De 1º de janeiro até 24 de agosto de 2021, Santa Catarina registrou 1.828 focos de incêndio segundo o do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (BDQueimadas/Inpe).

No mesmo período do ano ado, os registros chegaram a 1.697. O aumento em um ano foi de 7,7%.

Fonte: G1-SC