Dia Nacional da Adoção: adotamos três irmãos

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O policial Elvio Magnus foi casado com a mãe de suas três filhas por 21 anos. Alguns anos depois, conheceu Neliton, seu companheiro atual, que não tinha filhos mas sempre cultivou o sonho de ser pai.

O casal sempre esteve cercado de crianças e de alguma forma, parecia predestinado a ter a casa cheia. Uma das filhas de Elvio engravidou ainda na adolescência e o avô amoroso e participativo nasceu também. A neta cresceu cercada de cuidados do avô e seu companheiro, que se conheceram quando a pequena tinha 11 meses, entre noites do pijama, festinhas de aniversário, eios, viagens e a companhia de outras crianças.

Neliton já era um tio apaixonado de suas duas sobrinhas que tinham intensa convivência com o casal. Com o adoecimento de seu irmão, a promessa de cuidar das meninas caso o pior acontecesse foi cumprida e em meio à dor e superação, vieram as festinhas juninas, carnavais, a companhia de outros sobrinhos, afilhados. Toda esta deliciosa bagunça acontecia na mesma casa em que o casal mora hoje com seus três filhos.

Mas o sonho de ser pai, de dar continuidade a sua história era algo muito forte no coração do Neliton e Elvio, que acreditava ter encerrado esta parte de sua vida, embarcou nesta viagem.

Assim, em setembro de 2019, eles fizeram a inscrição no Cadastro Nacional de Adoção, com a intenção de adotar apenas uma criança. O curso, parte obrigatória de todo o processo que envolve a adoção de crianças e adolescentes, foi realizado em outubro do mesmo ano e ali, aos poucos, tudo mudou. Quando a assistente social do Fórum de Sombrio contou dos três irmãos que estavam esperando uma família, o casal ouviu em silencio, mas bastou saírem da reunião para se olharem e descobrir que os dois tiveram a mesma ideia: “vamos adotar os irmãos!”

Voltaram ao Fórum no dia seguinte e o destino mostrou que ainda não era a hora. Os irmãos dos quais eles souberam a história foram encaminhados para outra família.

Um dos mitos que envolvem a adoção é o das longas filas, mas quando o casal se dispôs a adotar até três crianças, ou a ser o primeiro da fila em Santa Catarina e o terceiro nacionalmente. Em março, um telefonema fez o coração dos dois bater mais forte e uma foto de um trio de irmãos enviada para seus celulares deu a eles a certeza: “são nossos filhos!”

Viajaram para o estado de origem das crianças, preparados para ficar até um mês para que o processo de adaptação ocorresse. Ao chegar ao local, aconteceu um dos momentos mais incríveis da vida de ambos: “tinham lá umas 30 crianças brincando, correndo, distraídas. De repente, os dois meninos de 3 e 5 anos que a gente já era apaixonado por eles, só pelas fotos, nos viram e correram em nossa direção, chamando a gente de pai, pularam em nosso pescoço, como se já nos conhecessem. Foi incrível.”

Feitos os trâmites iniciais e aguarda provisória concedida, a família saiu para seu primeiro eio, com sorvete, expectativas e muita vontade de se conhecer.

Já mais tarde, foi a vez da menina mais velha que os chamava de “tio” se aproximar: “ela perguntou se poderia nos chamar de pai.” A interação entre pais e filhos foi tão grande que na mesma semana, a casa da família em Balneário Gaivota estava em festa para receber os novos membros. Para completar esta história tão bonita, ainda faltava mais um trâmite burocrático importantíssimo, a certidão de nascimento, com o nome dos pais e filhos, compartilhando sobrenomes e laços. Mas como nada neste processo de adoção acontece sem muitas doses de emoção, a certidão não viria sem lágrimas de alegria. “Era véspera do dia dos pais e a gente recebeu o tão esperado telefonema, dizendo que as três certidões de nascimento de nossos filhos estavam prontas”.

Hoje a rotina da família é regada à eios, parques, vida escolar, lanches, como se eles tivessem nascido ali, como se o antes não tivesse existido e todas as lembranças que as crianças compartilham, nasceram naquela tarde de março, em que se conheceram.

Fonte: Potyra Pereira