Dia do estudante: Não há investimento na ciência, pesquisa, no nosso futuro e nem no nosso presente, diz presidente da UCE

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Hoje é o dia do estudante e o Portal Uaaau conversou com Lucene Magnus, o presidente da União Catarinense de Estudantes – UCE para saber dos principais desafios que os estudantes têm enfrentado nestes tempos de pandemia.

Lucene é estudante de história da Universidade do Extremo Sul Catarinense e foi eleito durante o 38º Congresso da UCE.

Ele já começa alertando que muitos dos problemas que os estudantes já enfrentavam acabaram se intensificando na pandemia, como a permanência estudantil nas instituições de ensino “Entramos e agora queremos ficar. Apesar do grande avanço com a implementação do Reuni, Prouni, Fies e as cotas, que são mecanismos de entrada nas universidades, faltam os mecanismos de permanência destes estudantes nas instituições.”

O primeiro susto para estudantes e para o Movimento Estudantil foi a rápida implementação do ensino remoto em nosso estado, pela falta de estruturas para tal. Santa Catarina levou no máximo três semanas para disponibilizar o ensino remoto, mas haviam muitas dúvidas por parte da UCE: “Quantos estudantes terão dificuldade de terem o o a computadores e internet? Será que eles têm uma internet de qualidade? Há um computador?”

Em seguida vieram os muitos casos de desemprego e redução salarial, tanto dos pais quanto de estudantes. Além de pais não puderem mais manter seus filhos estudando, os estudantes, em muitos casos, precisaram sair das cidades universitárias e retornarem para suas famílias.

Parceria com as instituições

Para estas duas situações, a UCE entrou em uma campanha com algumas instituições, como a Unesc e a Unoesc, para que as mensalidades não fossem aumentadas e os juros sobre as atrasadas, não fossem cobrados. Outras muitas instituições, com o intermédio da UCE, emprestaram modens e computadores para que os alunos pudessem acompanhar as aulas.

Em instituições públicas como a Udesc e a UFSC, Lucene relata que uma carta de permanência foi confeccionada e que foi possível acompanhar a implementação do ensino remoto e de como ele seria.

Amarga surpresa

Às vésperas do dia do estudante, o ministro da educação Milton Ribeiro, em entrevista ao programa Sem Censura veiculado pela TV Brasil, defendeu que as universidades deveriam ser para poucos, argumentando sobre o grande número de “engenheiros dirigindo Uber.”

Sobre a declaração do ministro, Lucene é enfático: “Quando a gente pensa no número de estudantes que se empenham em realizar o sonho de permanecer em uma instituição, em de se formarem em uma universidade e ouve a frase do ministro, percebe o descaso com a educação brasileira e o descaso com o sonho de muitos. A gente sempre fala em investir em educação. Investir na educação superior é também investir em novos profissionais, que atendam às demandas do nosso povo. E hoje, não há investimento em ciência, pesquisa, no nosso futuro e nem no nosso presente.”

Movimento Estudantil na pandemia

O Movimento Estudantil, sempre marcado pelo corpo a corpo, reuniões, conversas de corredores, as agens em salas de aula, organizações para congressos e muitos debates sobre conjuntura, também precisou se adaptar aos novos tempos, como conta Lucene.

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“No ensino remoto, a grande dificuldade do Movimento Estudantil é que hoje não podemos mais ar em sala, não temos mais o dia a dia com o estudante, eles não estão mais no campus. Então, temos feito reuniões pelo Meet, reuniões online

e lives, sempre conseguindo construir o Movimento e estar com os estudantes. Em meio às dificuldades da pandemia fizemos abaixo-assinados, organizamos os estudantes contra arbitrariedades, nos reunimos com reitores de universidades e pontuamos as questões das universidades públicas.”

Uma grande vitória, segundo ele, foi a nomeação do professor Maurício Gariba Júnior, que apesar de ter sido eleito democraticamente, não havia sido nomeado como reitor do IFSC, quando uma intervenção do governo federal indicou o segundo colocado na consulta para a função, em abril de 2020. Hoje, Gariba é o reitor do IFSC!

Vacina, pão e educação

Por fim, ele acredita que hoje, a principal tarefa do Movimento Estudantil é a organização em uma luta coletiva, como ocorreu durante toda a história do Brasil: “Não há nenhum momento relevante de nossa história no qual o Movimento Estudantil não seja a ponta de lança das lutas. E hoje, mais uma vez, mostramos que conseguimos ser a resistência e dar a mão a todos que nos procuraram.”

Para o futuro, a visão não poderia ser melhor: “Construiremos uma nova realidade, lutando por pão, vida, vacina e educação, para que voltemos às universidades e consigamos continuar a nossa formação.”

O Dia do Estudante

O 11 de agosto foi escolhido em 1927 como o dia do estudante, para comemorar o centenário do início do ensino superior no Brasil.

Antes de Dom Pedro I criar os dois primeiros cursos de ensino superior do país, os que quisessem estudar em universidade, precisavam se deslocar até a Europa.  

Depois, já em 1937, a União Nacional dos Estudantes – UNE foi criada, reforçando não só a importância da data, quanto a defesa dos interesses dos estudantes e de toda a sociedade.

Fonte: Potyra Pereira