A reportagem do ND+ conversou com a guia brasileira Leila Martinez, que mora no país há 10 anos, para saber mais sobre as proibições no país da Copa.
O Catar é o primeiro país do Oriente Médio a receber uma Copa do Mundo da Fifa. De tradição islâmica, o pequeno país, localizado na Península Arábica e que faz fronteira com a Arábia Saudita, possui um território oito vezes menor que o Estado de Santa Catarina e cerca de 2 milhões de habitantes.
Mas o que chama atenção no país que recebe a Copa do Mundo são os hábitos, leis, costumes e padrões muito diferentes para pessoas de outros lugares do mundo, como a lei que proíbe as relações entre pessoas do mesmo sexo e prevê pena de sete anos de prisão.
A guia turística brasileira Leila Martinez, que vive no Catar desde 2012 e tem um blog de turismo sobre o país, explica alguns comportamentos não permitidos e itens proibidos de levar na mala. Conheça algumas regras e restrições que vigoram o Catar e quais as proibições mais inusitadas no país.
Pornografia
A guia turística explica que na mala não é permitida entrada de nenhum tipo de pornografia, nem impressa e muito menos produtos pornográficos.
Bebida alcoólica
Outro item proibido no país da Copa é bebida alcoólica, combinação que no Brasil com futebol é bastante comum. Leila Martinez explica que o Duty Free de chegada no país não tem bebida alcoólica para vender, apenas o de saída.
No caso da Copa do Mundo, apenas os estabelecimentos designados pela Fifa ou pelo governo catari têm permissão para serem comercializados.
Medicações consideradas entorpecentes
Algumas medicações consideradas entorpecentes também não podem estar na mala de quem chega ao país. “Algumas não entram de maneira nenhuma e outras, para poderem entrar, as pessoas têm que trazer um receituário médico em inglês para comprovar que precisam da medicação – e só podem trazer por 30 dias”. Se o visitante vai ficar por mais de 30 dias, precisa consultar um médico no Catar, porque há algumas medicações que nem entram no país.
Proibições mais ofensivas no dia a dia
Segundo a guia, beber álcool em público é “totalmente ofensivo”. Ela conta que há licença para estrangeiros. “Temos um depósito aqui, onde podemos comprar bebida alcoólica, mas para consumir em casa. Jamais sair com a bebida alcoólica na rua”.
A bebida alcoólica é permitida apenas em lugares que têm licença para vender os produtos e normalmente são estabelecimentos que ficam dentro de restaurantes, por não ficarem em área pública.
Fotografias e vídeos
Filmar e fotografar pessoas sem autorização é crime no Catar. A regra se estende para imagens de policiais e edifícios militares, o que pode levar à prisão. Jornalistas que viajam a trabalho precisam de uma licença fornecida pela QNA (Agência de Notícias do Qatar).
A guia brasileira explica que existe uma lei sobre essa questão, que protege tanto os cataris quanto estrangeiros. “Se fizer um vídeo de uma pessoa sem ela autorizar e ela se incomodar com essa situação, ela pode chamar um segurança e pedir para apagar esse vídeo”.
“Se esse pedido for recusado pela pessoa, isso pode gerar multa ou penalidade, mas normalmente eles abordam, pedem delicadamente para apagar o vídeo e as pessoas apagam”, conta.
Postura com decotes
Leila Martinez conta que dependendo do lugar onde se vai, como museus, biblioteca pública e shoppings, os policiais não deixam a mulher entrar caso ela esteja muito decotada.
Essa postura causa um certo incômodo a ela, que sempre leva na bolsa um echarpe para se cobrir, pois há muitos lugares com restrições sobre vestimentas.
“Acho chato ter que pensar no que vestir antes de sair de casa e ter que adaptar o look dependendo do ambiente. Acaba que a gente fica a maior parte do tempo coberta para poder ter livre circulação”, finaliza.
Ela explica ainda que, para entrar em qualquer mesquita, é preciso cobrir os cabelos.
Manifestações de afeto em público
Uma das questões que as pessoas mais se assustam ao chegar no Catar, segundo a guia brasileira, são as manifestações de afeto em público.
“É permitido andar de mãos dadas, mas não se pode beijar na boca e não se pode fazer um tipo de carinho mais ‘quente’. Essa regra vale para todo mundo, não interessa se é gay ou hetero. A regra é para todos. Pode ser um casal de homem e mulher, duas mulheres, ou dois homens”, explica.
Gestos ofensivos
No Brasil, muitas pessoas estão acostumadas a mostrar o dedo do meio, mas no Catar esse é um gesto extremamente ofensivo e isso pode ter consequências jurídicas, como multas. Palavras de baixo calão, gritar muito e arranjar confusão na rua também não são práticas bem vistas pela população.
Segundo Martinez, outro gesto não permitido aos homens é andar sem camisa ou tirar a camisa no campo. Na primeira partida da seleção brasileira diante da Sérvia, na última quinta (25), no entanto, alguns torcedores tiraram a camisa e não foram repreendidos.
A guia explica que isso se deve ao momento diferente no país, devido à Copa do Mundo. “Eles sabem que precisam ser mais compreensivos, porque são várias culturas diferentes e não é possível controlar todo mundo”.
Drogas e esmola
A entrada de drogas no país não é permitida em hipótese alguma ou qualquer tipo de comércio paralelo que se faça. A guia brasileira contou que três homens foram presos por fazer cambismo e revenderem ingressos da Fifa. A prática é ilegal.
Martinez aponta que é proibido pedir esmola na rua. “Se aparecer alguém pedindo dinheiro, a gente pode denunciar”.
Algo bastante comum no Brasil, o comércio informal não é permitido no Catar. “Tudo tem que ser absolutamente registrado. Qualquer comércio que for fazer tem que ter registro, licença, algum controle que o governo possa fiscalizar, explica a guia brasileira.
Apostas
Nenhum tipo de aposta também é permitida dentro do islamismo, tanto que no Catar não há cassinos. As corridas de camelo acontecem apenas para diversão e quem distribui os prêmios são as empresas que aproveitam para fazer propaganda dos prêmios.
Fonte: ND Mais