Professora da Unisul defende que se deve priorizar máscaras cirúrgica ou PFF2, além da vacinação e cuidados de higiene.
Mesmo diante da explosão de casos de Covid-19 neste início de ano, o “lockdown” não seria o suficiente para conter a disseminação do vírus, avalia a epidemiologista Fabiana Schuelter Trevisol.
“Eu não sei se o lockdown adiantaria, não só por uma questão econômica, mas por as pessoas não quererem mais aderir a esse lockdown. Eu acho que o momento agora é aprender a conviver com o vírus, mas para isso são necessárias a vacinação e de fato um controle da epidemia”, defende a epidemiologista.
Além disso, a professora da Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina) afirma que mesmo com o bloqueio total, criar uma barreira sanitária seria difícil pela atual disseminação do vírus. “O intuito agora é evitar que novos casos apareçam.”
Santa Catarina chegou aos 67,9 mil casos ativos da Covid-19, conforme aponta o boletim divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde nesse domingo (23). No dia 1º de janeiro, o Estado contabilizava 4,5 mil casos. Isso representa um aumento de 1.406,7% no número de casos ativos em apenas 23 dias.
“Adeus” máscara de tecido
Para diminuir o número de casos é fundamental reforçar recomendações dadas desde o início da pandemia, diz Trevisol, como o uso constante de máscara, evitar aglomerações e higienizar as mãos.
“Não mais máscaras de tecido, mas máscaras com filtro adequado já que essa cepa é mais transmissível.” Claro que uma máscara de tecido é melhor que não usar máscara nenhuma, mas é necessário dar preferência à máscara cirúrgica ou PFF2/N95.
A professora explica que a PFF2 acaba sendo mais destinada aos profissionais de saúde, mais expostos ao vírus, mas é recomendável que “principalmente as pessoas mais vulneráveis, que já tenham alguma comorbidade” usem a proteção.
No geral, todos deveriam usar a máscara cirúrgica, com um filtro mais adequado, especialmente agora no verão, afirma a especialista.
“Percebo que, com o calor, as pessoas estão toda hora tocando o rosto para ajeitar a máscara, ficam tirando e botando a máscara, então isso não protege. Se necessário, pode substituir a máscara quando ela for ficando úmida, a cada quatro horas”, recomenda.
Em meio à alta de casos, a Dive/SC (Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina) enviou uma nota na última sexta-feira (21) na qual volta a recomendar o uso de máscaras em ambientes abertos para evitar a transmissão da variante Ômicron.
Vacinação é fundamental
A vacinação é o principal caminho para controlar a epidemia, defende a epidemiologista. Graças à imunização, houve uma diminuição de casos grave e de mortes no Estado, mas quem ainda não completou o ciclo vacinal deve ficar atento.
“Tem um percentual da população que não veio fazer a segunda dose, a dose de reforço. A gente tem pessoas que ainda não entram nos grupos, por exemplo, os bebês”. Assim, ela reforça que “precisamos contar com as medidas não farmacológicas”, ou seja, os cuidados de higiene diários.
Dessa forma, quem tiver sintomas, como tosse e febre, deve permanecer isolado, “respeitando o período de sete dias”. As demais pessoas devem manter a máscara e evitar aglomerações, “para conseguirmos com que tudo volte ao normal o mais rápido possível”.
A epidemiologista reforça que o foco mundial é destinar vacinas aos países com poucas doses, como é o caso da África, onde surgiu a nova variante, a Ômicron.
“Enquanto a gente tiver países com pouca vacinação, podem surgir novas cepas, esses bolsões, e se disseminar rapidamente. Essa deveria ser uma prioridade de todos os países”, finaliza.
Fonte: ndmais