Estudantes estão sem aulas por falta de professores e técnicos no campus do Sul do Estado; UFSC diz por meio de nota que está empenhada a equacionar as necessidades do curso desde 2017.
O que era o sonho de ar no vestibular para Medicina e seguir carreira tornou-se um pesadelo para os acadêmicos da sétima fase do curso da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) no campus de Araranguá, Sul do Estado.
Conforme o Calmed (Centro Acadêmico Livre de Medicina), eles estão desde quarta-feira (3), quando iniciou o segundo segundo semestre, cursando apenas 1 hora/aula das 41h/aula previstas, sendo que essa uma hora ainda é destinada ao TCC (Trabalho de Conclusão de Curso).
O motivo seria a falta de profissionais para suprir a demanda. “Nossos professores estão há dois semestres com as cargas horárias estouradas para tentar suprir a falta de profissionais, mas agora chegou um momento em que a conta matemática não fecha”, revela o estudante e secretário do Calmed, Vitor Henrique Macarine.
Atualmente, o curso conta 28 professores em exercício e zero técnicos. “Antes da criação, em 2017, foi pactuado que receberíamos 60 docentes e 30 técnicos, mas isso não aconteceu e faz dois anos que a Reitoria não realiza concurso público para contratar novos profissionais, sendo que deveria ser gradativa a contratação deles”, comenta Macarine.
Segundo ele, os acadêmicos já não sabem mais a quem recorrer para resolver a situação. “Já fomos buscar respostas com a Reitoria, que, por sua vez, disse que o problema é do Governo Federal por não liberar o código de vagas para a realização de concursos públicos. Contudo, nós oficiamos o governo perguntando a respeito disso e eles disseram que a Reitoria não fez nenhuma solicitação”, afirma.
Ignorados
N0 dia 22 de abril de 2020, os acadêmicos também alertaram a coordenação responsável em Florianópolis e a Reitoria da universidade por meio de um documento, que se nada fosse feito o curso iria parar ou ter aulas reduzidas pela falta de professores e técnicos, o que acabou acontecendo.
Sem respostas, então, os alunos acionaram, em agosto deste ano, o MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) para denunciar a situação. “Estamos sentindo que há um certo descaso da Reitoria. Sabemos que ela não decide tudo, tem o Governo Federal também. Mas, depois que protocolamos o pedido ao Ministério Público, milagrosamente apresentaram uma solução, que foi um concurso para professores substitutos”, aponta o acadêmico.
Entretanto, das nove vagas ofertadas, houve apenas seis inscritos. “E desses apenas um quis porque o salário era muito baixo. Mas a UFSC fez essa solução fraca só para nos enganar. Tanto é que eles falaram com a coordenação e disseram para nos ofertar as matérias mesmo que não tenham professores. Inclusive, temos todas as disciplinas alocadas no nosso sistema educacional, mas sem aulas”, expõe Macarine.
Posicionamento da UFSC
Diante das alegações, a istração Central e a Direção do Campus de Araranguá da UFSC disseram por meio de nota que estão empenhados para equacionar as necessidades do curso de Medicina desde antes de sua criação, em 2017.
Para a contratação de profissionais efetivos, a universidade diz que foram obtidas junto ao MEC (Ministério da Educação) nove vagas de professor para o curso em abril de 2021. Essas vagas, porém, em virtude de determinações externas, só podem ser objeto de contratação a partir de 2022.
Também afirmou que houve o lançamento de chamada pública de redistribuição de vagas entre Instituições Federais de Ensino Superior, (Chamada Pública nº 02/2021), em agosto de 2021, com duas vagas abertas para Medicina de Araranguá em campos de conhecimento distintos.
Assim, foi selecionado um docente no único campo de conhecimento em que houve inscritos (Ciências da Saúde/Medicina/Cirurgia) e o processo de redistribuição está sendo conduzido no âmbito istrativo.
No documento, a UFSC explicou que foi aberto um Concurso Público para provimento de vagas efetiva em setembro de 2021 em sete campos de conhecimento distintos (uma vaga em cada).
Também informou que houve a nomeação de candidato aprovado em outubro de 2021 com aproveitamento de concurso realizado pelo Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do Centro de Ciências da Saúde (aguardando procedimentos legais usuais para posse e entrada em exercício).
Além disso, garantiu que as tratativas com o MEC continuam para obtenção do restante das vagas pactuadas antes da criação do curso.
Já a respeito da contratação de professores substitutos para o semestre letivo 2021/2, a universidade esclareceu que houve a manutenção do contrato de um professor substituto, contratado para o curso desde 2020.
Além disso, foram abertos três processos seletivos sequencialmente desde o início de setembro visando ocupar nove vagas de professor(a) substituto(a), sendo que o primeiro edital (73/2021/DDP) foi aberto com nove vagas. Foram seis inscrições homologadas e três aprovados. Todos foram convocados, mas somente um candidato assumiu uma vaga.
O segundo edital (82/2021/DDP) abriu com seis vagas, houve uma inscrição que não pôde ser homologada, e o terceiro edital (84/2021/DDP) abriu com sete vagas e teve inscrições prorrogadas por falta de inscritos.
Fonte: ND Mais